segunda-feira, 28 de abril de 2014

MOMENTOS PENICHE LIVRE

O CARACOL

Andava pachorrento e entediado, o caracol. O chuvisco, que tanto desejara, irritantemente, continuava a cair. As gotas, que das árvores escorregavam, produziam um som que lhe deixavam algo chateado. Tudo permanecia calmo demais. Nem das suas companheiras formigas, sinal havia. Olhou aborrecido para o céu com ar bem chateado e resolveu subir por um verde tronco de um vulgar caniço igual a tantos outros, muito embora este lhe parecesse mais elevado, ou não fosse tão sério o assunto que tinha para tratar com aquela nuvem tão chata.
Lá foi subindo a passo de caracol e muito esmerado em bater um recorde, dada a urgência que advinha da situação.
Chegado ao topo, olhou para o céu e não se deteve em contemplações.
- Olha lá ó nuvem, não achas que já basta?! – Interrogou demonstrando todo o seu desagrado, ao que a nuvem respondeu…
- Já basta o quê?
- De pingo mais pingo. Já chega! É que não passa disto. Porque não te vais embora e nos descobres o sol?
- Ora! Ora! Primeiro pedias chuva e agora queres sol, afinal o que queres, sol ou chuva?
- Não sejas parva. Já há dias que pairas sobre nós e tudo o que é demais enjoa.
- Qual é o teu problema?
- O meu problema é a solidão. Por causa dos teus pingos ninguém sai dos seus abrigos e eu não tenho com quem falar. De resto já aborrece ver tudo sempre tão molhado.
- És um caracol diferente dos outros. Até pareces humano!
- Humano?! Por que motivo, me fazes essa traumatizante comparação?
- É simples meu caro! Nunca estás satisfeito com nada. Se não chove, é porque não chove! Se chove é porque chove! Nunca estão satisfeitos com nada, mesmo que esse nada seja o melhor para eles. Sabes, estes seres nunca percebem nada e tudo para eles é complicado e sinónimo de insatisfação e infelicidade. Nunca dão valor ao que a vida contém.
O olhar do Caracol deixava agora, transparecer alguma desconcertação.
- E tu achas que eu sou assim?
- De certa forma sim! Não estás a entender o meu papel, a minha missão.
- Sim, já percebi!
- Estou aqui o tempo que for preciso. Tenho que regar os campos e esperar pelo vento pois é ele que me vai transportar para outro lugar. Por acaso achas que eu também não me aborreço de permanecer tanto tempo por aqui?
O Caracol baixou a cabeça envergonhado.
- Nunca tinha pensado nisso.
- Pois, eles também não pensam. Logo que venha o vento partirei e vos deixarei o sol.
- Sabes, agora acho que já desejo que fiques. Conversaste comigo, fizeste-me companhia e isto já não será o mesmo sem ti.
- Não te preocupes, volto sempre nos Invernos e colocaremos a conversa em dia.
De repente os caniços abanaram. O vento levantara-se. O sol começou a romper.
O caracol olhou de novo para a sua amiga que lhe gritava.
- Adeus amigo. Chegou a hora da partida, vou conhecer outros lugares. Gostei de te conhecer. Tem cuidado e fica sempre feliz. Volto no próximo Inverno.
- Adeus amiga. Fico à tua espera.
A tristeza tinha sido compensada pela certeza de ter ganho uma amiga.
Muitas vezes achamos que tudo está mal, mas onde o mal está poderemos sempre encontrar algo de bom. A procura da felicidade é sempre ambição humana, no entanto é sempre tão difícil reconhece-la em nós e no que a vida nos oferece. Talvez seja um mito ou talvez seja ignorância nossa.
Talvez…Talvez…


Paulo Gonçalves

sexta-feira, 25 de abril de 2014

A FORÇA DO PENICHE LIVRE TV

MAGIA DE PENICHE

PRAIA NORTE

MAGIA DE PENICHE

MOMENTOS PENICHE LIVRE

A PROMESSA

Só podia sentir o vento. A inércia e completo abandono em si nem lhe faziam sentir a agrura do Inverno. Maior que a tempestade era a dor que sentia no seu peito.
Perdida de si mesmo, cambaleou até àquela muralha onde tantas vezes fora feliz nas suas brincadeiras de infância. Outrora, em tempos já longínquos, fora pirata, bruxa má, dona de casa e tantas outras coisas de criança que nos levam a construir um mundo feliz. Agora aproximava-se da sua extremidade, do seu precipício, onde, justamente vivera alegria e sonho, expectativa e esperança. Os sons diziam-lhe segredos revoltos e salgados que só dos verdadeiramente livres podem ser ditos.
As agruras da intempérie nada eram, perante a sua vulnerável e tumultuosa existência. Queria acabar com tudo. Desejaria renascer ou simplesmente deixar de ter nascido. Emergiram-lhe à memória, as palavras de seu pai, em noite de tempestade, quando, aterrorizada o chamou ao seu quarto, por não conseguir dormir.
- Pai! Tenho medo! Está muito barulho lá fora!
- Filha não temas. Isto vai passar!
- Não gosto de tempestades.
- Sabes, por vezes temos que passar por elas.
- Porquê?
- Então filha? Como poderíamos valorizar um belo dia de Sol? Como seria se as coisas não se renovassem? Além disso depois de um mau momento vem sempre um melhor.
Esse momento nunca tinha chegado. O seu Pai tinha partido deixando a promessa de estar sempre consigo. A família tinha naufragado na vida. Só lhe restavam as lembranças de dor e traição. Os seus sonhos não apaziguaram o seu ser, vinham embrulhados em maresia avivando e fazendo sangrar ainda mais as já grandes feridas.
Aproximou-se ao máximo. O barulho do seu coração confundia-se com o som violento do vento. Já nada tinha. Só o vento!
- Pai. Vou ao teu encontro. Sinto saudades de tudo o que perdi. Perdoa-me.
Um forte som, das ondas, surgiu ainda mais enaltecido. Vinda do meio do nada uma mão que se estendeu na sua direcção. Uma voz reconfortante suou-lhe ao ouvido.
-Vem. Toma o meu caminho. Tudo tem solução. Tudo tem retorno.
Eu nunca te abandonarei…
Eu nunca te abandonei…
Estou aqui!
O som já não existia, só a névoa e uma leveza pela qual nunca, antes, passara…Talvez fosse sonho…Talvez o cumprimento de uma promessa…


Paulo Gonçalves

segunda-feira, 21 de abril de 2014

MOMENTOS PENICHE LIVRE

EUTANÁSIA

Olhava constantemente para as janelas daquele quarto de hospital. A chuva insistentemente batia contra os vidros não lhe trazendo respostas. A dor continuava a dilacerar-lhe a alma. Já passara um Mês desde aquele fatídico dia em que seu filho sofrera um trágico acidente que lhe roubara tudo. Olhava para o seu filho que permanecia estático e ligado àquela maldita maquina que o mantinha vivo. As lágrimas teimavam em rolar-lhe no rosto. Tudo se desmoronara. Também tinha perdido a mulher e a vida revestia-se de uma dureza impar.
Tinha chegado o dia de tomar uma decisão. Recordava a conversa que tivera com o médico e o seu coração não poderia estar mais apertado.

“- Senhor João, lamento muito mas não podemos fazer muito mais.
 - Não posso crer doutor! Não me diga uma coisa dessas!
 - O seu filho está em estado puramente vegetativo. Não podemos fazer mais nada.
 - Não pode ser! Não pode ser!
 - Tenha calma. Neste momento vamos mantê-lo vivo. Dentro de um mês falamos.”

O mês tinha passado e chegara o dia de tomar uma decisão. Tinha passado todo este tempo em oração e não vira qualquer sinal de recuperação do seu filho. A dúvida e a dor permaneciam e interrogavam-lhe constantemente; manter ou não manter a vida?
Prolongar ou não prolongar o sofrimento do seu filho? Os seus pensamentos foram interrompidos pela chegada do médico.
- Então senhor João? Temos que conversar.
- Diga doutor, mas diga algo que me anime.
- Não posso! Não posso! Temos que tomar uma decisão. O seu filho está a sofrer e não vai sobreviver, ele está em puro estado vegetativo. Lamento, lamento muito! Mas aconselho a desligar as máquinas que o ligam à vida que já não é!
- Doutor parece-me que um destes dias lhe vi mexer um dedo da mão.
- Impossível! Por favor tem que ser realista. Não adianta e isto é o que de melhor pode fazer pelo seu filho. Acredite, ele agradece!
O choro compulsivo e forte apoderou-se de si. Olhou para uma imagem de Nossa Senhora de Fátima e interrogou-a:
- E tu?! Porque não fazes nada!?
Em seguida olhou para as suas mãos que seguravam um terço, já tão seu companheiro e implorou;
- Meu Deus, ajuda-me!
O médico, emocionado voltou a insistir.
- Senhor João, não se desgaste mais. Não podemos fazer nada. É uma situação irreversível. Sei o que estou a dizer. É urgente para o seu filho e para si que mude a página. Já basta de sofrimento.
Olhou cheio de amor, fixamente para o seu filho e de novo para a imagem de Nossa Senhora de Fátima ao mesmo tempo que apertava o terço em suas mãos.
- Já tomei uma decisão!
O médico suspirou de alívio.
- Vamos então desligar?
- Nada disso! Não vou matar o meu filho! Entrego essa decisão nas mãos de Deus!
O médico, surpreendido e algo desiludido, respeitou a vontade do pai.

Cinco anos depois
“Testemunho de um pai feliz”.
Quanto me sinto feliz por ter tomado aquela decisão. Na hora em que apertava o terço foi o que senti que fez com que a tomasse. Duas semanas após a decisão, o meu filho começou a mexer os dedos, contrariando todas as previsões. De imediato começou a fisioterapia e hoje fala, já anda e faz uma vida normal. Faltam apenas pequenas correcções a alguns movimentos.
O meu filho é-me muito grato por lhe ter salvado a vida. O médico perguntou-me o que me fez tomar aquela milagrosa decisão pois resultou numa cura sem explicação. Eu respondi-lhe:
Naquele momento aceitei e entreguei tudo nas mãos de Deus, a partir daí a obra foi dele.
No entanto, nele eu confiei e comprovou-se todo o seu amor pois soube dar-me o discernimento para não tomar a decisão mais fácil e perceber que a vida é-nos oferecida e que sobre ela não temos qualquer poder.
Não escolhemos nascer. Não escolhemos morrer e nem sequer num simples cabelo branco que vem, temos qualquer tipo de decisão. A vida é um bem precioso e nela está contido o amor que o pai tem por nós. Acabar com a vida é matar o amor que o Pai tem por nós!

Conto criado por mim e baseado numa história real.


Paulo Gonçalves

sexta-feira, 18 de abril de 2014

MOMENTOS PENICHE LIVRE

OBRA DE DEUS

A trovoada estava zangada. A revolta fazia-lhe descarregar as suas amarguras, muito embora não entendesse porque motivo se sentia assim naquela tarde ventosa.
A nuvem indignada questiona;
- Porque estás assim, trovoada? Tanto gemido, tanto grito, tanta revolta!?
- Estou arreliada! É por causa do vento! Nunca tem tempo para nada! Anda sempre numa correria desgraçada! Brrummm! Brrummm! Brrummm!
O vento não liga, de momento…
 Justificando num lamento.
- Tenho pena, mas sou assim! Que fazer? Ai de mim, que me canso constantemente! Estou com pressa permanente. Renovo o ar e transporto a semente. Por isso estou contente! Não te preocupes, trovoada. És prenúncio de chuva, que dá vida ao que transporto! Bem te podes zangar! É bom ouvir os gritos, teus! Pois tens obra para realizar! Segundo a vontade de Deus!
A trovoada já mais aliviada, no entanto intrigada, não pode deixar de questionar tão dignificante avaliação.
- Quem és tu afinal para avaliares a vontade de Deus?!
Ao que o vento respondeu:
- Eu sou a sua força! Sou a sua energia! E de dentro de si vim. Pois das suas narinas nasci e abro o caminho para ti!
- Para mim?
- Sim para ti. A nuvem tua mãe, não pára de se deslocar, por mim empurrada, alimentando-se no mar e juntamente com o sol energia vai buscar. A água de si jorra, aos campos indo parar, germinando as sementes que tive que transportar. Os teus gritos descarregam energia acumulada, prevendo grande banquete para a terra, reservada. Todos os seres se alimentam, mediante obra divina. Sejam dignos de o entenderem e respeitarem a lei da vida.
A trovoada estava estupefacta com tamanha sabedoria, acabara de perceber o que antes não entendia e sentindo-se orgulhosa de seu importante papel, agradeceu ao vento, seu amigo fiel.
A nuvem comovida desatou a chorar, regando assim os campos, que segundo vontade de Deus, na Primavera, de vida, irão brotar.


Paulo Gonçalves

quarta-feira, 16 de abril de 2014

EVENTOS DA NOSSA CIDADE

Semana Santa
9
A semana santa é caracterizada em Peniche, por muito sentimento, respeito e fé. As diversas celebrações tais como as procissões do Senhor dos Passos (Domingo) e do Enterro (Sexta-Feira) são momentos belíssimos e muito sentidos. Os teatros alusivos à paixão do senhor também marcam e emocionam, sendo que ninguém lhes consegue ficar indiferente. Visitar Peniche nesta época do ano é sentir esta cidade de uma outra forma cheia de aromas de maresia e Primavera.


Paulo Gonçalves 

sexta-feira, 11 de abril de 2014

MOMENTOS PENICHE LIVRE

O Cristo Ressuscitado

Não era um dia como tantos outros, no Museu Nacional. Esperava-se uma grande azáfama pois tinha sido recebida a magnífica obra que tinha ganho o prémio do ano, e que passaria a estar exposta por oferta do seu criador.
Raul jamais pensara que aquele Cristo Ressuscitado lhe devolvesse o reconhecimento do público numa hora tão difícil da sua vida. A doença da sua filha tinha sido ultrapassada e como agradecimento nasceu no seu âmago, a vontade de criar uma escultura do Cristo Ressuscitado.
Em tons de esperança, de braços abertos, expressão de ternura e com olhar de uma felicidade vitoriosa, suscitou as mais variadas atenções, conquistando assim, o prémio mais desejado e que inundou o seu criador de felicidade.
A cerimónia de apresentação da obra decorrera da melhor forma possível. Muito público, ávido de conhecer esta, tão, famosa obra.
Dia após dia o seu autor dirigia-se ao Museu, nunca esquecendo de visitar o motivo do seu contentamento. Era sempre recebido com um simpático sorriso.
- Bom dia Jerónimo. Cá estou de novo.
- Bom dia Sr. Raul. Nunca esquecemos os nossos filhos. Retorquiu o porteiro do Museu.
Aproximando-se do seu Cristo, mantinha diariamente, um diálogo com ele.
- Olá meu amigo. Aqui estou de novo. Não posso deixar de te visitar, minha obra muito amada! Se pudesse, levava-te comigo, mas seria egoísmo meu, privando os outros de te visitar. Sei que ficas feliz por me ver e sei que isso significa para ti, ausência de esquecimento.
 O Cristo parecia transparecer contentamento por não ser esquecido pelo seu criador.
Com o passar dos anos, as visitas de Raul foram-se tornando menos assíduas. Primeiro passou a visitar a sua obra dia sim, dia não, e depois o espaço de tempo entre as visitas foi-se alargando. As imponentes escadarias do Museu não eram possuidoras de contemplação para com o avanço da sua idade. As árvores, outrora mágicas de cor e libertação de perfumes inesquecíveis, hoje pareciam-lhe pesarosas e algo rudes, trazendo-lhe duras saudades da sua juventude.
Um certo dia, já muito cansado, abeirou-se tristemente da sua obra.
- Meu caro e fiel filho muito amado. Estou vencido pelo cansaço. Sei que tenho vindo menos vezes, sinto-me sem forças. É difícil chegar até aqui. Não fiques triste! Quero que saibas que foste muito importante para mim e que nunca te esquecerei. Quanto ao resto sei que continuarás a ser visitado e amado por todos e que jamais te poderei agradecer por continuares a divulgar o meu nome. Sentirei saudades de ti, afinal eu partirei e tu ficarás sempre!
Cambaleando e com dificuldade conseguiu abraçar-se à sua obra perante o olhar comovido do porteiro.
Os dias foram passando e Raul não mais voltou ao Museu. O Cristo permaneceu de braços abertos impávido e sereno, muito embora, com uma aparente tristeza. Talvez com saudade do seu dono que nunca mais o visitou, talvez sentindo que o que nos faz felizes é o laço que nos prende e amarra ao nosso próprio criador.
A vida vai passando e as nossas obras ficam. O espelho das nossas vidas e o que resta delas é aquilo que fomos e que deixamos como recordação.
Se fizeste uma boa obra deixaste uma marca positiva para todo sempre.
Se criaste no amor, o teu amor prevalecerá!

Para sempre seja louvado o amor deixado pelo nosso criador! Revendo-se em felicidade, Jesus Cristo! Nosso Senhor.

terça-feira, 8 de abril de 2014

MOMENTOS PENICHE LIVRE (O CONTO QUE ULTRAPASSOU OS 250 COMENTÁRIOS)

O REGRESSO 
Publicado em:

QUARTA-FEIRA, 22 DE SETEMBRO DE 2010


A depressão e a saudade apoderaram-se de mim. As lágrimas, insistentes, rolavam no meu rosto. A dor tornara-se agonizante e insuportável. Não conseguia mais. Já tinham passado 50 Anos desde aquele fatídico dia 16 de Junho de 2010. Não suportei mais a agonia e resolvi dirigir-me ao pai. Tomei então, aquele caminho que à muito não percorria. Por entre verdes prados, em montanhas de energia, a minha alma foi inundada de uma calma à muito não sentida. Ao chegar olhou-me como se já soubesse o que ali, ia fazer. A luz mais brilhante que o sol inundou-me a alma.
- Pai! Preciso de te falar!
- Porque teimas em prender a tua alma ao térreo passado?
- Sinto saudades da terra, do povo, dos meus pais…dos meus pais…
- Porque estás assim?! Em breve estarão por aqui.
- Não tenho mais resistência! Pai! Por favor! Conceda-me uma excepção. Pagarei se possível…, por amor ao pai. A minha alma mora em ti!
Após breve reflexão perante tão sentidas palavras, sentiu-se obrigado a ceder forçado pelo amor ao seu filho.
- Está bem. Terás uma nova missão em breve.
Amo-te meu filho!
- Obrigado pai. Muito obrigado!
Ao proferir estas palavras vi-me catapultado para um corredor de luz que me era familiar e que se embrenhou na minha alma. Todo o sentido da minha eternidade estava naquela luz, por ela fiz-me vida.
As névoas desapareceram juntamente com a luz. Acordei em pleno largo da povoação. Abismado reparei em pormenores familiares: A velha torre da Igreja, em pedra e parcialmente caiada de branco. O soar das Ave-Marias, embora algo diferente e soando a gravação, ainda acontecia, assinalando o passar das horas. As árvores estavam completamente ressequidas, as pessoas em situação semelhante, as suas peles estavam escuras e enrugadas. Os olhos deixavam transparecer uma alma seca e tristemente marcada pelo desânimo e inércia. O sol era abrasador e insuportável. Porque estaria tudo assim num local outrora verdejante?
Por ruelas tão familiares, aproximei-me da minha antiga casinha, outrora embrenhada em brumas de ilusão e alegria. Estava praticamente em ruínas. Á entrada ainda existia uma bica tradicional de mármore envelhecido e com rasgos negros que marcavam a sua, já longa existência. As crianças, mal nutridas, fingiam, nela, beber água. Tudo estava ressequido. Um forte sentimento de tristeza foi-se apoderando de mim.
Finalmente decidi aproximar-me da velha porta de entrada da minha casa e repentinamente vi-me dentro dela. Entrei em pânico, pois a minha visão ultrapassou a referida porta sem que desse por isso. Foi uma experiencia pela qual nunca tinha passado.
Não pude deixar de reconhecer uma foto, de cor amarelada e ferida em cada mancha pelo passar do tempo, que estava em destaque na velha parede frontal da sala de estar. Um menino sorridente e feliz em cima de um cavalo, esse menino era eu. A emoção apoderou-se de mim. As lágrimas voltaram a rolar no meu rosto. Parecia ter recuperado o meu coração, pois sentia os seus batimentos.
Com a dor da minha dor avancei um pouco mais até ao antigo quarto dos meus pais, a surpresa não podia ser maior. Numa cama de ferro, velhinha e enferrujada, estava igualmente velhinha, deitada, a minha mãe em aparente estado terminal. Ao seu lado, na mesinha de cabeceira, uma série de fotografias minhas acompanhadas de uma empoeirada, imagem de Nossa Senhora de Fátima. Por cima da cama o familiar crucifixo, companheiro das minhas orações de infância. Bem junto dela e agarrando as suas mãos, das quais pendia um Terço em vidro azul que me era muito familiar, pude ver o meu pai. A sua cabeça vestira-se de neve. Nos seus olhos era visível o espaço ocupado pela tristeza e melancolia de toda uma vida. Como estavam velhinhos! Como o tempo os transformara. Senti uma enorme vontade de os beijar, abraçar, consolar-lhes na dor que ficou contida nas suas vidas com a minha partida…que dor senti naquele momento!
A luz do pai veio até mim.
- Vai! Vai para fora, a tua mãe estará em breve na minha morada.
Saí da casa em velocidade luz até a um campo que foi, noutros tempos, local de brincadeiras. Apoderou-se de mim uma nova e forte dor. Já não haviam árvores, relva, flores e água. Tudo estava seco, a cor amarelo-torrado predominava.
A luz apoderou-se, de novo de mim.

- Vem meu filho. Tenho uma nova missão para ti!....

Paulo Gonçalves

sexta-feira, 4 de abril de 2014

CINCO ANOS DE PENICHE LIVRE

Um piscar de olhos… e já lá vão Cinco anos, tantas emoções, avanços, partilha de sentimentos e emoções…
Gostar de escrever e transparecer esse amor num blogue não é fácil mas não deixa de ser apaixonante! Sentir o feedback dos leitores, verificar o crescimento do seu número e saborear a consagração de um espaço que se assume com qualidade, original e genuíno, é motivo de satisfação.
O reconhecimento e carinho de quem por aqui passa, é motivo de regozijo e incentivo para continuar.
Apesar do momento não ser fácil para todos, o Blogue caminha, renova-se, cresce e fortalece-se. Entramos hoje naquele que será o seu sexto ano de vida com um conceito inovador e com todas as ligações possíveis e imaginárias incluindo a tv, a todas as redes e todas as aplicações mais inovadoras. É verdade, abre este fim-de-semana, o canal Peniche Livre Tv, que caminhará a par do blogue em toda a sua extensão. Com a presença permanente de Cristo e da sua fé, em nós, tendo por base esta cidade de Peniche que nos apaixona e impele para dela falar, permaneçamos, pois, perseverantes neste caminho que só se manterá se for revestido de sinceridade, humildade e amor.
Parabéns Peniche Livre!
Obrigado a todos!


Paulo Gonçalves

CAMINHO VERDADE E VIDA (2º SÉRIE)

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Obrigado Senhor!
Hoje, após entrar num café, ouvia duas pessoas, ao meu lado, no balcão: dizia uma delas para a outra; O amor de Deus, quem faz caso disso? O Papa, a igreja e tudo o que dizem está desatualizado e não serve para nada.
Obrigado senhor! Não pelo que ouvi mas pelo que senti ao ouvi-lo. Fiquei chocado.
Obrigado senhor, por não se encontrar, em mim, desatualizado o teu mandamento. Obrigado porque me choca ouvir e sentir a sociedade desta maneira.
Permite senhor, que me mantenha de coração aberto à tua palavra sempre tão atual, de preciosa importância para a minha vida e que eu a saiba levar aos outros, pois é fonte de verdadeira felicidade e amor.


Paulo Gonçalves

5 ANOS

Parabéns Peniche Livre!

ANSIEDADE

"A Nossa Poesia"
"Novidade"

A água que bebi,
Eram lágrimas da tua alma triste.
Se fugi de mim,
Para depois te encontrar.
Nesse seco deserto,
Com esperança de a resgatar.
Nobre e duro sofrimento
Em ti, por mim provocado!
É rasgo de ansiedade.
Que foi sendo derramado.


Paulo Gonçalves

CINCO ANOS DE BLOGUE

Um piscar de olhos… e já lá vão Cinco anos, tantas emoções, avanços, partilha de sentimentos e emoções…
Gostar de escrever e transparecer esse amor num blogue não é fácil mas não deixa de ser apaixonante! Sentir o feedback dos leitores, verificar o crescimento do seu número e saborear a consagração de um espaço que se assume com qualidade, original e genuíno, é motivo de satisfação.
O reconhecimento e carinho de quem por aqui passa, é motivo de regozijo e incentivo para continuar.
Apesar do momento não ser fácil para todos, o Blogue caminha, renova-se, cresce e fortalece-se. Entramos hoje naquele que será o seu sexto ano de vida com um conceito inovador e com todas as ligações possíveis e imaginárias incluindo a tv, a todas as redes e todas as aplicações mais inovadoras. É verdade, abre este fim-de-semana, o canal Peniche Livre Tv, que caminhará a par do blogue em toda a sua extensão. Com a presença permanente de Cristo e da sua fé, em nós, tendo por base esta cidade de Peniche que nos apaixona e impele para dela falar, permaneçamos, pois, perseverantes neste caminho que só se manterá se for revestido de sinceridade, humildade e amor.
Parabéns Peniche Livre!
Obrigado a todos!


Paulo Gonçalves

quinta-feira, 3 de abril de 2014

PENICHE LIVRE 5º ANIVERSÁRIO

ESTÁ QUASE!
Dentro de algumas horas é dia 4. O Peniche Livre faz 5 anos e abre o novo Blogue Peniche Foto. Às 20.00 Horas vai nascer o canal Peniche Livre Tv.
Será um grande dia, se Deus quiser.

Paulo Gonçalves

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Não esqueça dia 4 às 20.00 Horas nasce o seu novo canal.

Paulo Gonçalves


PENICHE LIVRE 5º ANIVERSÁRIO

ESTÁ QUASE!
Dentro de algumas horas é dia 4. O Peniche Livre faz 5 anos e abre o novo Blogue Peniche Foto. Às 20.00 Horas vai nascer o canal Peniche Livre Tv.
Será um grande dia, se Deus quiser.

Paulo Gonçalves

terça-feira, 1 de abril de 2014

ENTREVISTA AO B. KRAFT A PROPÓSITO DO 5º ANIVERSÁRIO DO BLOGUE PENICHE LIVRE


Bk - Olá Paulo. Parabéns pelo 5º aniversário do Blogue Peniche Livre e pelos contributos oferecidos a todos por este projeto.
Paulo - Obrigado.
Bk - Cinco anos passados, que balanço?
Paulo - Um balanço muito positivo e gratificante, até nos momentos mais difíceis.
Bk – Em algum momento pensaste que obterias este feedback?
Paulo – Não, de todo, apenas queria partilhar alguns trabalhos que ia escrevendo. Quando um dia me apercebi que as pessoas gostavam e comentavam, o entusiasmo foi crescente.
Bk - O que se passou com o público que reduziu o número de comentários?
Paulo - O público tornou-se fiel e disse tudo o que havia para dizer dos nossos trabalhos. Nesse ponto houve uma espécie de concretização. No entanto os índices de público revelam um crescimento constante e uma ida aos lugares cimeiros do top por diversas vezes, daí, de vez em quando, ainda surgem alguns comentários. Por outro lado o Peniche Livre passou a estar disponível nas principais redes sociais a par com o Bloguer, esse facto dispersou os comentários e os likes que são constantes. Qualquer trabalho que é publicado no blogue passa automaticamente a estar disponível em vários sites agregados e redes sociais, como é o caso do Google +, Twitter e Facebook. O Peniche Livre afirmou-se sozinho e tornou-se uma referência na net.
Bk. - Por falar nisso alguns acharam que o blogue iria terminar com o afastamento de alguns colaboradores e isso não aconteceu…
Paulo - Sim. Fiz tudo para que tal não acontecesse e isso não tinha que ser assim porque o blogue é um projeto meu e começou apenas comigo, tudo o resto era um acréscimo.
Bk. - Sim mas os colaboradores apresentaram bons trabalhos…
Paulo - Sem dúvida, muito bons, no entanto, cabe-me deixar de lado falsas modéstias pois tenho sido reconhecido pelos trabalhos que o blogue tem oferecido. O conto “O Regresso” foi o que conseguiu maior número de comentários e foi pedido por vários bloguistas para a sua publicação, salvaguardando a sua fonte, e não foi o único, isso é motivo de orgulho para mim. No entanto, o blogue, não é somente escrita, existe todo um trabalho, que se renova permanentemente, na apresentação e grafismo que é muito mais trabalhoso e difícil, exigindo bastante criatividade o que é igualmente gratificante.
Bk. - Novos projetos?
Paulo - Sim, sempre. Neste momento acabei a 3ª série do Caminho Verdade e Vida que estreia em setembro próximo. Na forja está um outro trabalho que passa pelos diferentes momentos políticos da nossa terra quer estado novo quer pós 25 de abril e que se chamará “Memórias do Nosso Tempo”, “Magia de Peniche” um trabalho muito bonito feito para o Peniche livre tv e blogue, assim como pargas de poesia e um grande trabalho dedicado aos momentos relevantes de Peniche que se intitula “Peniche Datas e Tradições”.
Bk. - O blogue cresceu em todas as direções, agora vamos ter outra completamente inesperada e que nos deixou boquiabertos pois pareciam-nos esgotadas todas as vertentes de crescimento; A televisão. O que vai mostrar o Peniche Livre Tv?
Paulo - O Peniche Livre Tv é um prolongamento em imagem e som do Peniche Livre. É um projeto amador, difícil, humilde mas que terá de mostrar Peniche.
Bk. - Difícil porquê?
Paulo - É um projeto em construção e assim continuará após a abertura. A televisão é diferente. Fazer 25 segundos demora mais de 3 horas, exige muito e por aí tiramos elações….
Bk. - Vamos ter fotos?
Paulo - Sim, tal como no Peniche Foto, Slide Shows do blogue e não só. Pequenos filmes amadores de minha autoria, com maior ou menor qualidade e que mostram a cidade “nua e crua”. Momentos importantes da cidade e claro, princípios cristãos, etc…
Bk. - Vai ter publicidade?
Paulo - Sim, um bloco, principalmente quando se acede ao canal e alguma relativa a programas de suporte com os quais elaboro trabalhos para a Tv e para os meus dois canais no You Tube, e Sapo, com um ou dois minutos, não mais!
Bk. - É um projeto ambicioso?
Paulo - É um projeto humilde e amador que vai crescer com o tempo. Todo ele construído por mim, original, sem nada de ninguém. É um canal regional, interativo, que pode ser visto em todo o país através da televisão e em todo o mundo pela net, como tantos que lá estão. Qualquer pessoa pode fazer um, desde que tenha Meo.
Bk. - Quantas horas de emissão diária?
Paulo - O Peniche Livre Tv estará no ar 24h por dia o que não corresponderá a 24h de programação diária, pelo menos para já.
Bk - Isso quer dizer o quê?
Paulo - Quer dizer que terá blocos que se renovarão automaticamente, oferecendo sempre algo de Peniche a qualquer hora do dia e com uma iteratividade que permite aceder a qualquer programa no imediato através da tecla i.
Bk - A abertura do canal no dia do aniversário do blogue “Peniche Livre” é estratégia?
Paulo - Acaba por ser, muito embora eu a encare mais como um bem merecido presente de aniversário.
Bk. - Estás satisfeito?
Paulo - Não. Nunca estou satisfeito, procuro sempre mais e mais.
Bk. - O que te move.
Paulo - Deus e toda a vida que por ele me foi oferecida. Isso é motivo para deixar algum testemunho da minha passagem por aqui. Um dia quando eu cá não estiver a net oferecerá algo de mim e ficarão a saber que um penichense era doido pela sua cidade e suas festividades, sendo que era suficientemente maluco para partilhar coisas de si, gostava de se comunicar com o mundo, se fascinava pelas novas tecnologias e que embora sendo muito imperfeito colocava Jesus e a família no centro da sua vida.
Bk. - Peniche é obra de Deus?
Paulo - Sim, tal como todo o mundo. Esta obra de arte que é Peniche é digna de ser partilhada e de ser levada o mais longe possível.
Bk. - O que gostarias de ver em Peniche.
Paulo – Novos projetos geradores de emprego, cinema, um shopping digno (Temos capacidade para tal, veja-se a afluência nos nossos hipermercados) e um pavilhão multiusos. A par disto desejo a continuidade na projeção, que tem sido muito boa, da nossa cidade. Assim contrariaremos a ida às localidades mais próximas para fazer compras.
Bk. - Satisfeito com o município?
Paulo – A meu ver o Município tem feito o que é possível e muitas vezes o impossível para melhorar o nível de vida da população. Peniche tem mantido um crescimento constante e tem estado em contraciclo. Hoje, Peniche é possuidora de uma notoriedade que antes não tinha. A conjuntura económica, a mais não permite. Eu sinto uma grande admiração e respeito pelo trabalho efetuado e acho que o devemos enaltecer, isso é muito importante, senão for assim não vale a pena fazer nada.
Bk. - Não seria possível fazer mais?
Paulo - Falar é tão fácil…
Bk. - Paulo, muito obrigado por este belíssimo testemunho e boa sorte para o canal Peniche Livre Tv.
Paulo - Eu é que agradeço. Votos de sucesso.

Bk – Obrigado.